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para fechar o que se abril

  • Foto do escritor: Jessyka Karen
    Jessyka Karen
  • 3 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Esse mês chegou daquele jeito: desconcertando todas as certezas. Desatando nós cegos e nos cegando quando tudo parecia muito claro.

Abril me abriu. Para um mundo novo, onde eu sou tudo que me completa: sou meu sol e orbito em mim. Sou a protagonista desse show e como público de mim mesma, me aplaudo em pé, todo dia, quando as cortinas se fecham na minha cama. E abril foi uma grande temporada. Reinou a arte do improviso. E como consequência de cada ato inesperado, uma nova descoberta.

Abril se fez temporada do ressignificar.

Os espaços vazios começaram a se preencher e como numa construção, vieram as colunas, os tijolos e o cimento. Mas não tem acabamento. Gosto da sensação de projeto não concluído. A falta de acabamento deixa as fraquezas a mostra, mas não expõe as rachaduras. E minhas fraquezas me mantém em pé. São minha principal estrutura. Minhas rachaduras, não – elas são consequência de tudo que permiti que me atingisse, e consertar apenas os tijolos me parece muito mais fácil que ter que refazer todo o projeto… E acertar a cor dessa parede novamente. Acabamentos dependem do gosto de cada um. Bom gosto é ponto de vista. Agora, a estrutura independe de estética. Ela é única e uma boa estrutura mantém qualquer casa em pé. As fragilidades expostas me permitem saber onde devo me apoiar e onde cada prego pode estar. O acabamento esconde as imperfeições de uma casa. E de repente, você acerta um cano e precisa de um buraco muito maior para reconstruir. Fragilidade exposta previne os estragos. Você sabe onde pode estão os riscos. Você se protege.

Que delícia ter minha fragilidades compartilhadas, mesmo que metaforicamente. Porque como todo bom ensaio, a interpretação do roteiro depende de quem lê. Uma obra só se torna de arte quando tem espectadores e mesmo que eu seja meu próprio público, amo reler minhas ideias e perceber que as memórias são muito diferentes das histórias que as geraram e que a cada novo show, novas emoções se fazem presentes.

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